
calo o que não falo.
dentro do peito,
milhões de canções de amor inacabadas
do que eu falo,
não calo
- poemas de amor para gritar por aí-
do que desaba,
asas de fada
e muitos tijolos espalhados pelo chão
não sei construir casa
colocar cimento
fabricar escada
-só sei acordar e dormir-
não sei de mim o que não sou
para onde vou
aonde chegar
sei fechar o portão sem olhar para traz
abrir a janela
para deixar o sol entrar
sei distinguir o canto do bem-te-vi
do não ter capacidade de amar
eu amo. amo e amo muito e tanto
que não sei desviar dos estilhaços
nem das fagulhas que a bomba caseira provocou
eu me corto inteira
e as feridas cicatrizam num piscar de olhos.
sei que me engano e invento linhas de raciocínio mirabolantes para fugir do abismo
sei escapar das armadilhas,
desarmar granadas
e bombas relógio
gritar desassossegos
tirar fotografias.
não sei pousar, parar, pausar…
não sei esquecer.
só sei do que falo
que calo
e do que não pode e nem deve ser dito
sei que amo mais que o amor que habita um coração desesperado
e aí sim; sei de tudo, de todos,
de mim.
juliana hollanda
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