quarta-feira, 14 de julho de 2010


calo o que não falo.

dentro do peito,

milhões de canções de amor inacabadas

do que eu falo,

não calo

- poemas de amor para gritar por aí-

do que desaba,

asas de fada

e muitos tijolos espalhados pelo chão

não sei construir casa

colocar cimento

fabricar escada

-só sei acordar e dormir-

não sei de mim o que não sou

para onde vou

aonde chegar

sei fechar o portão sem olhar para traz

abrir a janela

para deixar o sol entrar

sei distinguir o canto do bem-te-vi

do não ter capacidade de amar

eu amo. amo e amo muito e tanto

que não sei desviar dos estilhaços

nem das fagulhas que a bomba caseira provocou

eu me corto inteira

e as feridas cicatrizam num piscar de olhos.

sei que me engano e invento linhas de raciocínio mirabolantes para fugir do abismo

sei escapar das armadilhas,

desarmar granadas

e bombas relógio

gritar desassossegos

tirar fotografias.

não sei pousar, parar, pausar…

não sei esquecer.

só sei do que falo

que calo

e do que não pode e nem deve ser dito

sei que amo mais que o amor que habita um coração desesperado

e aí sim; sei de tudo, de todos,

de mim.


juliana hollanda

Nenhum comentário:

Postar um comentário