
A vontade dele era morar nela.
Ele, que por muito tempo se perdeu dos seus desejos. Ela, a quem ele não dava nome.
Que só existia entre quatro paredes, num amor que inventaram de ser proibido.
Ele, que já não contava mais com o amor. Ela, que de tanto amar já não se achava capaz.
Ele queria morar nela, mesmo sabendo que naquele corpo não cabia.
Ele, para quem mulher era carne, volume, volúpia.
E ela era tão pequena, magrela, um menino-moleque.
Naquele corpo de menino ele queria mãe. Naquele corpo de mãe, queria ser homem.
Ele não se reconhecia nela. Mas só se achava ali. Nela. Ali ele fazia suas confissões.
Do que lhe metia medo, das mentiras que a vida lhe fez, dos desejos que nem teve.
E diante dela ele já nem sabia o que era verdade.
Ele queria entrar ali dentro e nascer de novo: puro, diferente, autêntico.
Ele queria adormecer nela.
Mesmo que no dia seguinte saísse ao encontro de sua vida de sempre.
cris guerra
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