segunda-feira, 28 de março de 2011

Fui tomada por uma melancolia bossa nova. De tão triste, tô falando baixinho como João, soando em poucas notas, me reduzindo ao mínimo essencial, economizando vida pra me manter de pé. Hoje parece mesmo que tristeza não tem fim e o Tom repete isso ao meu ouvido enquanto as ruas de Porto Alegre se oferecem aos meus pés e sobre mim, estende-se o céu de outono que dói de tão azul. Mas do que serve a tarde? De que servem os ipês, o rio? Meus olhos estão impregnados do cinza de um inverno que chegou antes, bem antes e desfolhou árvores, matou a grama e vestiu o mundo com um sobretudo europeu de exílio. Tristeza dói e a dor é física, localizada no meio do peito, um pouco acima do estômago, como se dentro de mim morasse um abismo. De algum lugar Vinícius me diz que eu vou sofrer a eterna desventura da espera de viver ao lado teu e um choro seco, só de gritos e soluços, toma conta. Meus passos se aceleram na tentativa de fugir de mim e da minha tristeza, mas as esquinas nos fazem bater de frente. Meu dia é só mais um soneto, outro retrato em branco e preto que teimo em colecionar.

Ticcia

Um comentário:

  1. Que lindo..

    adorei seu cantinho,
    estou seguindo, retribui?

    beiijoos,
    http://pathyoliver.blogspot.com

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