sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Meu velho gosto musical enferrujou com toda essa maresia. Ainda pergunto todo dia, porque a multidão me deixou solitária assim? Eu larguei tanta poesia por todas as verdades que eu jurava que fossem mentiras, mas elas desalinharam toda minha convicção. Testei uma a uma as possíveis derrotas para acreditar que vencer era a melhor alternativa. Eu me iludi tantas vezes que me entendia, que o jogo era óbvio demais para minha sede de complexidade e desespero. Esperei algo dar errado que de tanto, tola e impaciente, fiz com minhas próprias mãos meu fim do túnel. Meu fiasco é rouco demais para minha alma desonrada. Na minha casa não entra mais nada que tenha álcool a não ser nos sábados que inicio uma nova sorte. Estreio um novo amor, uma nova roupa, uma vida a mais na minha coletânea de tantas que já deram errado. Volto ao começo todo dia para consertar o que não tem reparo. Paro, às vezes, tentando acertar o passo porque fui um frevo de carnaval sem sombrinha, colombina sem par, valsa clássica com parceiro invisível. Não existe mais meio-termo, meia palavra, meio milagre, meia verdade. Meia noite e é tão típica a cena estou num bar ouvindo um rock esperando alguém para me salvar. Espera-se que de súbito eu ainda lhe receba com um sorriso, mas não há mais nada para levar de mim fora isso. Fiz tanto o tipo de que era daquelas de mandar flores, telefonemas, cartas, presentes, coração pulsando dentro de uma caixa com uma fita cor de rosa. Mas cansei de fingir que sou o amor que nunca fui. Esse amor exacerbado, encenado, dilatado. Vai, confia em mim que eu gosto de dilacerar as almas alheias. Em menos de duas doses enlouqueço sua mente sã em razão das minhas ironias desvairadas só para jogar fogo na sua vida e chorar com sua partida. Eu não sou fácil, não sou simples, não sou verso, comida mastigada, violão de uma corda só. Fui aprender que, longe do que eu achava, sou o violino no meio da orquestra, a idéia que divaga uma terça feira ociosa, o pretérito que nunca ninguém soube conjugar por falta de coragem para começar. Sou essa ardência latente na memória de quem ousou lembrar. De simples e súbito, eu me tornei a maior mágoa dos que me guardaram pra si, e a maior felicidade para os que souberam amar. Sou sim, o que eu nunca vou entender e conseguir te explicar. Mas tenta me esquecer para vê se você consegue que eu faço reza forte e juro purpurina até a morte, se você for o meu amor.

Beatriz Marques

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