De uns tempos pra cá ando no meio fio do patético e do bizarro, o limite da loucura se aproxima de mim pedindo abrigo. Tenho feito tanta cena que nem sei. Interpreto uma pobre coitada que se agarra no primeiro sopro de amor que passa. Ela se agarra, feito preguiça, com unhas afiadas e vermelhas no pescoço alheio e pede socorro, silenciosamente. É quase instintivo. Ultrapassa o absurdo. Ela se arrasta, se contorce e posa de fina para as câmeras. Mal sabem, os tais espectadores, que por dentro daquela mulher, há um avesso deliciosamente perigoso.
Trata-se de um costume desesperado, uma inércia conformada. Desmascaro logo minha personagem para que, ao menos despida, as minhas cicatrizes reais apareçam. Sangra, estais vendo? Sim, esta sou eu. É um tal de amor pra lá e pra cá que foge do real, uma paixão que não existe. Aliás, existe quando não há qualquer outro sentimento capaz de suprir uma falta sem nome. Tudo vira saudade e motivo de poesia. Falso, sabe? Ilusório. Fraco
Mas é bonita a cena, ela se veste de tristeza e faz um drama ao falar do mundo. Fica essa briga de descontrolada de certezas. Uma grita e a outra berra. Uma foge a outra escapa.
Para, no fim, me perder em um monte de letras.
clara arôxa
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