ele me borda.
se assombra com o que eu sonho
como se sonhar não fosse dele.
ama toda minha conversa
me inspira lantejoula,
miçanga, fita, babado
e claro, fuxico.
eu vivo só pra contrariar o gosto dele.
pra adulterar o cheiro dele.
pra enganar seu paladar.
pra ele eu solto cabelo
alças
laços
e desfilo.
por ele eu corro mais de muitos quilômetros
pra chegar desarvorada,
atrasada,
sem sangue no rosto safado,
descalça
cheia de vida
e nua.
o que amo está nele
e a maioria já tocou,
viu, sentiu, percebeu.
esse homem tem a alma misturada.
coisa meio vintage,
retrô, vanguarda,
sei lá.
como eu,
está entregue às buscas.
com toda a carga que transporta a alma
de quem é mix e ainda precisa ser sério,
profissional, único.
Loucos são seres Lourenços.
[porque nunca é nada, tudo jamais será
um vão.]
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